sábado, 31 de agosto de 2013

Calma. Meu reino por C-A-L-M-A

Hoje o dia foi de caos. Vai embora logo seu Agosto. Tchau.

Uma breve história... só relembrando e relembrando, o que eu nunca esqueci.
Nunca fui de criar o Mateus com frescura, ele nasceu em Hospital Público sim, com muito orgulho, gratidão eterna ao nosso anjo da guarda, Dr. Edmundo, e toda a equipe que me assistiu. A UTI neonatal do HGF e também a enfermaria onde fiquei internada são de primeiro mundo, limpíssimas, bem equipadas. A campanha de aleitamento e o banco de leite são tratados com muita seriedade. TUDO. Não tenho palavras. Sim. Tive medo sim, em um primeiro momento quando passei mal, sem plano de saúde cobrindo parto ou problemas decorrentes da gravidez, e me vi tendo que ser internada no HGF, aquele mesmo HGF do piscinão da morte, da emergência lotada, da falta de leitos, de macas, de medicamentos... Só que não. Também não era dia de plantão do meu obstetra, não foi ele quem fez meu parto, mas estava lá com a gente, dizendo que eu não tivesse medo, que tudo ia dar certo. Não tive acompanhante no Hospital, não tive mãe, não tive sogra, não tive enfermeira, tive amigas distantes, mas que estavam pertinho da gente em pensamento, tive surpresas agradáveis pelo caminho, tive medo, MUITO, tive fé. Quando recebemos alta, também não tive resguardo, nem leite, só o medo e a fé novamente, minha e do Ricardo. Mateus sempre ficou perto dos meus cachorros, ficava só de fraldinha desde que saiu do hospital, estamos no nordeste, "calor da porra". Descia na pracinha. Pracinha dos "pobre", como dizem. Sentava e sento no chão. Sou assim. Criei o Mateus assim. Pé no chão. Literalmente. Sei que algumas pessoas me culpam e sempre vão me culpar pela situação do Mateus - como consequência dos pés no chão. Os dois tipo de pé: o pé descalço, e o pé no mundo real. Prá "doer menos lá na frente", era a minha intenção de criá-lo assim, sem nhé, nhé, nhé e hipocrisia, mas como uma mãe que estava ali, chovesse ou fizesse sol. A cada minuto. Cuidando de cada detalhe. A gente cria nossos filhos para o mundo. Nunca estive e ainda não estou, e talvez nunca esteja preparada para essa "máxima" sem uma grande dosagem de remédio tarja preta no meu sangue. A verdade é que travo duas lutas diárias, contra eu mesma, e contra a doença do meu filho. Me sinto uma desequilibrada precisando tirar equilíbrio sabe-se lá da onde.

SIM! Voltando a não-frescura-na-criação, desde que entrou no colégio, me sinto como se o Mateus estivesse com a imunidade zero. Um mês de aula. Segunda virose séria, aliás, a mesma virose, recaída. Estomatite viral. A dor foi tanta da primeira vez, que ele hoje em dia, se permite medicar, sem ter que fazer o ritual de quase imobilizá-lo para dar o remédio e ele ter uma crise histérica e vomitar não só o remédio como tudo que tinha dentro dele vomitável. Estou com pressão alta, bursite, faz quase uma semana que ele chora e quer colo. Minha fluoxetina não faz mais efeito. A técnica inspirada no A.A "só por hoje", não faz mais efeito. Vou reprogramá-la "só por esse segundo". Está difícil. Ontem ele foi elogiado no colégio, estava mais calminho, menos arredio. Arredio mesmo. Outro dia, prá doer menos (afff tá doendo mesmo, porque é a segunda vez que uso essa expressão escrota, desculpe o palavreado, eu sou desbocada, mas sou boa pessoa), pois tinha acabado de perder minha poodlezinha de 16 anos, encontrei com uma amiga minha, ela veio aqui no prédio, o Mateus estava impossível. Ela, assim como eu, é apaixonada por animais. O Mateus no meu colo, ela foi fazer um carinho nele, dizer "Oi, Mateus", e ele arrediamente, mesmo já conhecendo ela desde que estava na minha barriga, emitiu um som, como se rosnasse. Eu, constrangida, ri. Ela tentou se aproximar novamente, ele novamente demonstrou-se incomodado, brinquei, "ele morde, não mexa não". Talvez muitos me chamem de uma mãe babaca por ter feito essa brincadeira, mas acreditem, foi prá doer menos. E quantas vezes já me vi nessa situação. Ele "Soltando raios". Era tanta fúria contida dentro dele, e ele tão pequenininho...

É, às vezes, como hoje, me culpo mesmo, chuto o pau da barraca. É difícil. É difícil você ver seu filho urrando, socando a cabeça, socando a cabeça nas coisas, tendo crises de fúria. É mais difícil ainda você ver seu filho com isso tudo, e ainda com a irritação e com as consequências que a virose traz. Hoje, eu acho que falhei, fui ríspida com ele, fui ríspida com minha sogra, com meu marido, com meus cachorros, comigo mesma, com o mundo. Sou humana. Miseravelmente humana.


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